A família Fleury, descende dos Vilhena, dos Bueno e do chefe tupiniquim Piquerobi e também de Tibiriçá, através de João Ramalho. Este é um dos personagens misteriosos de nossa História. Não se sabe como veio parar no Brasil, onde a expedição de Martim Afonso de Sousa o encontrou em 1532, um náufrago ou degredado, vivendo com uma esposa índia, Bartira, filha de Tibiriçá. Com o sócio Antônio Rodrigues, amancebado com uma filha do cacique Piquerobi, traficava pau-brasil e escravos indígenas para as naus de várias nacionalidades que aportavam a S. Vicente. Indo viver no planalto de Piratininga, onde o sogro Tibiriçá tinha sua aldeia, foi requisitado para ajudar na fundação de S. Paulo.
Os jesuítas se escandalizaram com a vida desregrada que levavam os primeiros europeus a se estabelecerem no litoral paulista, todos praticando a poligamia. Sua primeira providência foi batizar os índios. Como esses portugueses geralmente possuíam uma esposa legítima em Portugal, não foi possível casá-los religiosamente, como desejavam os padres.
Bartira recebeu no batismo o nome de Isabel e Tibiriçá recebeu o nome de Martim Afonso. João Ramalho morreu em 1580, com mais de 95 anos de idade, deixando uma infinidade de descendentes mestiços. A filha de Piquerobi, que vivia com Antônio Rodrigues, recebeu o nome cristão de Antônia. Piquerobi, irmão de Tibiriçá, chefiava a aldeia de Ururaí, atual S. Miguel Paulista; não quis se aliar aos portugueses, como fez seu irmão, mantendo-se arredio. Liderou uma rebelião contra os invasores, na qual foi morto por Tibiriçá. Os primeiros colonizadores vinham geralmente desacompanhados de família, e aqui se casaram com os descendentes desses quatro personagens, presentes na árvore genealógica das mais antigas famílias paulistas.
Manuel Rodrigues Lapa – Vida e obra de Alvarenga Peixoto, Instituto Nacional do Livro. Mais informações nos Autos da Devassa.
Testamento de Maria Josefa da Cunha Bueno – Revista Vozes de Petrópolis, set/out 1954.
Nenhum comentário:
Postar um comentário